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9 de jan. de 2012

Ciência descobre o que enlouqueceu os pássaros de Hitchcock



Aves desorientadas que assustaram cidades litorâneas da Califórnia nos anos 60, e inspiraram o clássico Os Pássaros, estavam contaminadas por uma neurotoxina produzida por um tipo de fitoplâncton

Verão de 1963 na Califórnia, Estados Unidos. A paz de uma pequena cidade litorânea chamada Bodega Bay é arrasada por um ataque selvagem: milhares de pássaros enlouquecidos arrasam casas, cortam a energia elétrica e os fios de telefone e causam várias mortes sangrentas. Não há explicação para o comportamento das aves.

Essa é uma história que não aconteceu de verdade, mas ainda assim assustou milhões de pessoas, os espectadores do clássico Os Pássaros, do cineasta Alfred Hitchcock. O mestre do suspense, porém, se inspirou em fatos reais para conceber a obra. Dois anos antes, em 1961, ele havia lido nos jornais californianos a história de outra cidade litorânea, North Monterey Bay, que foi atacada por pássaros marinhos. Ao invés de machucar pessoas com bicos e garras, no entanto, as aves apenas regurgitavam anchovas e batiam em muros e paredes, desorientadas. Os acontecimentos pareciam saídos do livro The Birds, da escritora inglesa Daphne du Maurier, publicado em 1952. Como no cinema, não houve explicação para o que ocorreu.

Trinta anos depois, em 1991, a natureza resolveu realizar um "remake" do fenômeno. Na mesma área, pelicanos apareceram na costa voando desorientados e morrendo aos milhares. E os cientistas conseguiram contar o final do filme: os bichos estavam infectados por ácido domoico, uma neurotoxina produzida por um tipo de fitoplâncton (veja box ao lado) que prosperou nos mares locais na época por motivos ainda desconhecidos. Essas substâncias foram encontradas em grandes quantidades no estômago de peixes da região, que são o alimento dos pássaros marinhos.

Os cientistas suspeitavam que o mesmo motivo causou o surto dos pássaros de 1961, mas não havia evidências concretas. Cientistas das universidades da Califórnia e da Louisiana, nos EUA, porém, encontraram a diatomácea Pseudo-nitzschia (produtora da toxina; veja box ao lado) em amostras de fitoplâncton da época. Segundo o estudo publicado na última edição da revista Nature Geoscience, as concentrações encontradas não deixam dúvidas quanto à presença massiva da neurotoxina no organismo de peixes que se alimentavam do fitoplâncton.

Cinquenta anos depois, essa neurotoxina tem reconhecido o seu "crédito" no episódio, pondo fim ao suspense. A pesquisa foi feita por Sibel Bargu, Mary W. Silver, Mark D. Ohman, Claudia R. Benitez-Nelson e David L. Garrison.

Fonte:
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